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1964 : La dictature brésilienne et son legs

1964 : La dictature brésilienne et son legs

Les posters

Posted by bresil on June 3, 2014
Posted in Les posters 

 

Bortone-Elaine-IDElaine Bortone Furtado-Andre-Carlos-IDAndré Carlos Furtado Lunardi-Rafaela-IDRafaela Lunardi

Machado-idPatricia Machado

Meireilles-Renata-ID-webRenata Meirelles

Dante-Guimaraens-Guazzelli-web
Dante Guimaraens Guazzelli
Iecker-de-Almeida-Gisele-id
Gisele Iecker de Almeida
MateusDaniela-id
Daniela Mateus de Vasconcelos

Pagliarini-Andre-IdAndré Pagliarini

Toulhoat-Melanie-ID
Mélanie Toulhoat

Burns-Mila-id
Mila Burns

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Pâmela Almeida Resende

Barreto-Marcos-idMarcos Barreto

Pâmela Almeida Resende, Universidade de São Paulo (USP)

O episódio

Resende-Imagem 1

http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,ha-40-anos-embaixador-americano-era-sequestrado,429771

No dia 4 de setembro de 1969, integrantes de duas organizações armadas – Ação Libertadora Nacional (ALN) e Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) – planejaram e executaram o sequestro do embaixador dos Estados Unidos, Charles Elbrick, no Brasil. O objetivo inicial era a libertação de 15 prisioneiros políticos e a transmissão de um manifesto revolucionário em rede nacional. Além disso, as condições de conflitos e incertezas no interior das Forças Armadas fizeram com que os idealizadores da iniciativa tivessem o cálculo político do momento e das circunstâncias para uma ação de grande repercussão, já que não é possível esquecer que o sequestro foi realizado propositalmente na Semana da Pátria como “uma maneira de organizar uma grande ação de propaganda armada, que bateria de frente contra a grande ação de propaganda da ditadura”. (Depoimento de Daniel Aarão Reis Filho. In: DA-RIN, Silvio. Hércules 56: o sequestro do embaixador americano em 1969. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 302).

O manifesto

Grupos revolucionários detiveram hoje o senhor Charles Burke Elbrick, embaixador dos Estados Unidos, levando-o para algum lugar do país, onde o mantêm preso. Este não é um episódio isolado. Ele se soma aos inúmeros atos revolucionários já levados a cabo: assaltos a bancos, nos quais se arrecadam fundos para a revolução, tomando de volta o que os banqueiros tomam do povo e de seus empregados; ocupação de quartéis e delegacias, onde se conseguem armas e munições para a luta pela derrubada da ditadura; invasões de presídios, quando se libertam revolucionários, para devolvê-los à luta do povo; explosões de prédios que simbolizam a opressão; e o justiçamento de carrascos e torturadores.

(…)

A vida e a morte do senhor embaixador estão nas mãos da ditadura. Se ela atender a duas exigências, o senhor Burke Elbrick será libertado. Caso contrário, seremos obrigados a cumprir a justiça revolucionária.

(…)

Queremos lembrar que os prazos são improrrogáveis e que não vacilaremos em cumprir nossas promessas. Finalmente, queremos advertir aqueles que torturam, espancam e matam nossos companheiros: não vamos aceitar a continuação dessa prática odiosa. Estamos dando o último aviso. Agora é olho por olho, dente por dente.

Os personagens

O episódio do sequestro marca o ano de 1969 e os anos seguintes por diferentes razões: pelo caráter inédito da ação, mas principalmente pelos efeitos para a esquerda que à inicial sensação de vitória segue um completo aniquilamento de suas organizações; para setores no interior das Forças Armadas, visivelmente insatisfeitos com a decisão tomada pela Junta Militar; e, finalmente, a delicada relação entre o governo brasileiro e norte-americano no trato de uma questão sensível para ambos os países. No entanto, para além dessas implicações que, por sua vez, ainda não foram devidamente exploradas por trabalhos acadêmicos, há também certo desconhecimento dos personagens envolvidos. Isso porque, sobretudo no que diz respeito às relações entre Brasil e EUA, não houve ainda um trabalho sistemático de pesquisa que tenha buscado trazer à tona, por exemplo, quem foi o embaixador Charles Burke Elbrick, seus alinhamentos políticos e papel naquela conjuntura. De modo similar, as análises acerca da reação dos Estados Unidos ao sequestro geralmente dizem mais sobre uma visão de subserviência completa dos militares brasileiros às diretrizes norte-americanas, incluindo aí a ideia de uma pressão exercida pela libertação de Elbrick. Acreditamos que uma análise cuidadosa de documentos do período, em ambos os países, pode oferecer pistas do alcance dessa pressão que ajudem a compreender as “entranhas” do sequestro e as relações entre Brasil e Estados Unidos, de maneira mais complexa do que se costuma supor. Em entrevista concedida à Association for Diplomatic Studies and Training (ADST), a viúva do embaixador, Elvira Elbrick, em encontro informal com o ex-presidente Nixon anos depois teria travado o seguinte diálogo com ele:

“-How do you do, Mr. President?” And he said, “How do you do”, and smiled from one ear lobe to the other. And I said, “And how is Mrs. Nixon?” and he said “Fine” “…and, the children?” and so on, just a very quick little conversation.

And then I said, Do you happen to recall a man by the name of Burke Elbrick?” And he said, “Oh, yes. I appointed him as Ambassador to Brazil”.

And I said, “Do you remember that he was kidnapped down there and that you were his Judas and his Pontius Pilate?” And I said, “Goodbye, Mr.WaterGate”, and walked away. And that was the end of that. Of course, he probably never would even remember the scratch I gave him but at least I felt good for it…

http://www.viomundo.com.br/politica/nao-a-anistia-para-os-responsaveis-pelos-crimes-durante-a-ditadura.html

http://www.viomundo.com.br/politica/nao-a-anistia-para-os-responsaveis-pelos-crimes-durante-a-ditadura.html

As hipóteses

Alguns aspectos do sequestro foram amplamente divulgados, assim como a imagem dos presos trocados em frente ao Hércules 56, avião que os levaria para o México. No entanto, uma série de questões permanece à margem na tentativa de compreender os significados e as distintas marcas simbólicas para os diferentes atores em jogo na cena pública. A hipótese é pensar como e se o sequestro do embaixador reconfigurou as dinâmicas internas, descortinando a atuação dos personagens envolvidos, sobretudo entre os grupos militares e as relações diplomáticas do Brasil com os Estados Unidos. Tais reconfigurações não são certamente um ponto isolado, mas figuram como fundamentais na tentativa de compreender os impactos dessa ação num momento em que os militares já vinham promovendo uma radicalização de suas ações e discursos, ao mesmo tempo em que a esquerda também aperfeiçoava suas investidas contra o regime.

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